Aparente prosperidade ímpia

“Lembrava-me de Deus e me perturbava; queixava-me, e o meu espírito desfalecia. Sustentaste os meus olhos vigilantes; estou tão perturbado, que não posso falar”, Salmo 77.3-4

Inteligência emocional

Ao ler estes versículos, você talvez imagine um homem de fé fraca, alguém que nunca teve um verdadeiro encontro com Deus. Mas não é esse o caso. Crises espirituais não são exclusivas daqueles de fé frágil. O salmista aqui é Asafe, um dos principais levitas músicos nomeados por Davi (1 Crônicas 15.16-28). Ele não foi apenas um cantor, mas também um poeta e líder litúrgico em Israel. Foi escolhido para conduzir o louvor diante da Arca da Aliança, especialmente quando ela foi trazida de volta a Jerusalém.

No Salmo 73.2-3, Asafe escreveu: Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos. Pois eu tinha inveja dos soberbos, ao ver a prosperidade dos ímpios. Diante disso, surge a pergunta: como alguém com tamanha experiência espiritual quase se desvia? Esse sentimento de frustração ao observar aqueles que pecavam e, ainda assim, prosperavam, quase o levou a abandonar sua caminhada com o Senhor.

Assim como Asafe, muitas de nós, em algum momento da caminhada com Deus, ficamos com a fé fragilizada ao olharmos para quem está à nossa volta e prospera, apesar de viver em desobediência às Sagradas Escrituras. Em períodos de cansaço ou desilusão, podemos nos identificar com o mesmo sentimento que o salmista precisou enfrentar: inveja. Mas a deixamos quieta, guardada dentro de nós, até que o acúmulo de indignação resulta em uma “explosão” de decisões infelizes e precipitadas.

Asafe não desistiu por completo porque ainda temia a Deus. Contudo, ao reprimir tudo dentro de si, tornou-se amargo e ríspido. Ele mesmo chegou a se comparar com um animal irracional (Salmos 73.21-22). As dores que sentia não eram físicas, mas emocionais. É necessário despertarmos, como ele fez, e entender que os prazeres dos ímpios são ilusórios. Cedo ou tarde, o sonho vira pesadelo, e os castelos que construíram desmoronam. Amiga, se você tem passado por isso, saiba que o segredo da restauração está em voltar-se ao Senhor, buscar refúgio no santuário e permitir que Ele renove seu coração. Sua fidelidade não é em vão. Deus vê, ouve e age no tempo certo. Não desista!


Angelita Ribacki
MQV - Maranhão